sexta-feira, 18 de março de 2011

Escrever? Uma carta? Não, prefiro falar!

Não eu não prefiro falar.. rs, esse é o titulo de um texto que recebi por e-mail, muito bom.

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Por: Margot Cardoso

A comunicação escrita é o calcanhar de Aquiles de muitas pessoas. Afinal, fomos pouco estimulados e todos recordam, durante o ensino formal, o pânico que cercava uma redação. No trabalho, a elaboração de cartas, e-mails e relatórios repetem o drama. Na vida pessoal, o drama persiste: desde uma carta para o banco até outra para um amigo. Na busca do emprego também é comum a solicitação de currículo vir acompanhado de “carta do próprio punho”. E qual é a solução para a dificuldade? Aderimos ao modelo. Pegamos um padrão de carta e repetimos a fórmula. Há inclusive livros só com modelos de cartas. Este recurso – a cópia do modelo – é muito antigo. E o que é pior: a maioria das pessoas não atualiza a cópia do modelo. O mesmo estilo de carta do início do século continua circulando, principalmente no mercado de trabalho. Veja, por exemplo, há quantos anos não dizemos “mui respeitosamente”? Nem meu bisavô falava mais e, no entanto, ainda recebemos cartas com esta expressão arcaica.
Manuela Rodriguez, professora de Comunicação e de Espanhol, autora dos livros Manual de Modelos de Cartas Comerciais e Manual de Correspondência Del Mercosur, editados pela Atlas, e que acaba de lançar Comunicação & Objetividade (Editora STS), é especialista no assunto e afirma que a resistência na atualização das cartas ainda é grande. “Em muitas empresas a carta continua andando mal das pernas. Ainda há chefes que não aceitam a nova redação, simples, direta e objetiva. Eu mesma – através dos meus livros – já comprei muita briga, principalmente entre chefe e secretária e chefe e redator”, diz.
Concorrência com Caminha
Manuela, que ministra palestras, principalmente para secretárias, conta que o principal comentário é que elas desejavam que o chefe estivesse presente, ou então, que Manuela deveria fazer uma palestra especial para os chefes. O profissional quer se atualizar, escrever dentro de um padrão mais moderno, porém a chefia ainda está presa nos modelos do passado.
A professora tem uma coleção de frases descabidas, geralmente enviadas pelas suas alunas. Por incrível que pareça, ainda hoje encontramos cartas que procuram concorrer com Pero Vaz de Caminha, o autor da primeira carta escrita em português no Brasil.
Conheça algumas delas: “Sem mais, com estima e consideração receba um grande amplexo”; “No interesse de granjear sua simpatia, subscrevemo-nos . . .”, “Em anexo, junto à carta que segue hoje pelo correio, envio 3 notas promissórias . . .”; “Assim sendo, enviamos a presente proposta para lembrá-los da nossa existência e colocamo-nos mais uma vez ao seu inteiro dispor, firmando-nos mui, Atenciosamente”; “Nos desculpem por nossa longa carta, mas ela era necessária para mencionar todas as nossas propostas. (3 páginas)”. Atenção: todas as frases acima são verídicas.
Comece pelo início, vá até o meio e depois pare
“Uma carta comercial tem que ser simples e objetiva, como se você estivesse falando pessoalmente com o receptor. Ela tem que prender a atenção no primeiro parágrafo para que o leitor continue lendo”, diz a professora.
Manuela afirma que os formalismos e as palavras rebuscadas podem ser dispensados do começo ao fim. “O início da carta deve ser rápido e sem preparação; no meio, você deve expor claramente o motivo da carta, e o encerramento deve, basicamente, atender aos seguintes objetivos: levar o leitor a fazer aquilo que se deseja dele ou deixar boa impressão sobre o remetente, caso não se pretenda a ação do destinatário”, ensina.
E o traço para a assinatura? “Não é preciso, pois quem assina cartas já é bem grandinho, não precisa de traço para assinar. Apenas mencione: Atenciosamente ou Cordialmente, para terminar sua carta. Se tiver que agradecer, mencione: Gratos pela atenção”.
É proibido
Conheça alguns exemplos que você NÃO deve escrever nunca, em nenhuma carta, seja qual for o destinatário, de acordo com a professora:
1. “Venho por intermédio desta” ou ”Venho pela presente”.
Será que você pode vir por outra?
2. “Acusamos o recebimento de sua carta e passamos a responder”.
Se você está respondendo a carta é lógico que você a recebeu.
3. “Damos em nosso poder sua carta. . .”.
Não diga!
4. “É com prazer que comunicamos...”.
Tem gente que só sabe iniciar as cartas assim. Não é necessário ter tanto prazer para escrever uma carta comercial, a não ser que seja um evento especial, uma boa notícia, uma inauguração, etc.
5. “Limitados ao exposto somos com estima e consideração”.
Não é necessário ter estima nem consideração para fechar uma carta. Outra coisa: se você está limitado, não avise seu leitor.
6. “Sem mais para o momento...”.
Se você tivesse mais, diria na carta.
7. “Sendo o que se nos oferece para o momento, ‘subscrevemo-nos’, ou, ‘firmamo-nos’”.
Isto não se usa há mais de 20 anos. Não é necessário mencionar que você está firmando a carta, ela precisa ser assinada.
Aproveite e verifique o que pode e o que não pode ser usado:

Por intermédio desta informamos;                                 Nem informamos ou comunicamos
Servimo-nos da presente para comunicar;                    Pode ir direto ao ;assunto.
Levamos ao seu conhecimento;                                       Ir direto ao assunto.

Seguem em anexo . . .                                        Anexamos . . .
Conforme segue abaixo relacionado . . .            Relacionado a seguir . . .
Encontra-se em nosso poder . .                         Recebemos . . .
Tem esta o objetivo de solicitar . .                     Solicitamos . . .

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